Menina procurou a polícia para denunciar que era abusada sexualmente pelo pai. Ele foi preso durante culto
Acusado foi preso em uma das igrejas que ele atuava, em Vila Velha. Segundo a polícia, vítima foi agredida e ameaçada para não denunciá-lo.
Ele era pastor em duas igrejas e visto como um bom homem por seus fiéis. Mas dentro de casa era temido por uma das filhas, uma estudante de 17 anos.
A menina procurou a polícia para denunciar que há três anos era abusada sexualmente pelo próprio pai, 37 , que também atuava como taxista. O acusado foi preso durante um culto e confessou o crime.
O autor do crime não será identificado na reportagem e a congregação da igreja não será revelada para preservar a identidade da vítima, menor de idade.
Segundo o delegado Lorenzo Pazolini, titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), a vítima passou a infância com a mãe no Pará. Porém, a mãe resolveu mudar-se sozinha para o Maranhão e a menor ficou aos cuidados da avó materna. Foi então que o pai da vítima, natural do Espírito Santo, resolveu buscar a menina.
“Ela passou a morar com o pai, a madrasta e os irmãos paternos, um menino que hoje tem 13 anos e uma menina que hoje tem 4. A menor conta que a partir dos 14 anos, passou a ser abusada pelo pai, que invadia o quarto dela durante a noite, a obrigava tirar a roupa e passava as mãos no corpo e nas partes íntimas dela. A vítima diz que no início tentou reagir, mas era espancada pelo pai, que em uma das ocasiões até cortou a boca da jovem com um tapa”, disse.
O delegado completou que os abusos foram ficando cada vez mais graves, até que no último ano o pai passou a ter relações sexuais com conjunção carnal com a própria filha.
Sofrendo ameaças e cansada dos abusos que sofria, a estudante decidiu contar o caso para uma amiga e, no último dia 9, abandonou a casa do pai e passou a morar com a colega.
No último dia 11, a amiga da vítima a convenceu a ir até a DPCA, onde a menor fez a denúncia.
“Iniciamos as investigações e conseguimos prender o acusado na noite desta quinta-feira (28) em uma das igrejas que ele atuava, em Vila Velha. Ele confessou que abusava da filha, mas disse que fazia isso para atestar se a menina ainda era virgem, pois ela só poderia casar na igreja dessa forma. Ele nega a conjunção carnal”, explicou o delegado.
O acusado foi autuado por estupro e encaminhado ao Centro de Triagem de Viana (CTV).
Entrevista
“Não devia ter tocado nela”
Até mesmo após ser preso e confessar parte dos abusos que praticou contra a filha, de 17 anos, o pastor, 37, disse que agiu em nome de Deus. Segundo ele, as carícias no corpo da menor era para garantir que ela ainda era virgem, pois só assim ela teria moral para casar dentro das regras da igreja.
O que o senhor tem a dizer sobre as acusações?
Eu posso dizer que amo a minha filha e a respeito desde que a trouxe do Pará. Nunca faltou amor. O que faltou foi confiança. Eu soube que ela estava com um namorado e não confiei nela. Achei que ela tinha perdido a virgindade e quis conferir.
Conferir abusando dela?
Eu não abusei. Só passei a mão nela pra ter certeza que ela ainda era virgem. Fiz isso porque a nossa religião diz que tem que casar virgem. Deus diz isso.
Mas foi preciso três anos para descobrir se ela era virgem?
Não foram três anos. Foram só alguns meses.
O senhor tem experiência em ginecologia?
Não. Eu sei que fui um idiota. Não devia ter tocado nela. Não há como justificar o meu erro.
Não sente pena da sua filha pelo trauma que está fazendo que ela sofra?
Amo a minha filha mais que a mim mesmo.
E as relações sexuais?
Não aconteceram. Estão inventando. Eu só passava a mão nela. Não sei o que houve comigo. Eu errei.
O senhor acredita que tinha moral para passar a palavra de Deus?
Eu sei que Deus me perdoou. Pois me arrependi de verdade.
Após descobrir denúncia, pastor planejava mudança
Após saber que a filha, estudante de 17 anos, recorreu à polícia para denunciar os abusos que sofria, o pai da vítima, um pastor de 37 anos, começou a traçar um plano de fuga para o Pará, segundo a polícia. Ele chegou, inclusive a ir ao estado, no Norte do Brasil, onde abriu uma igreja.
Segundo o delegado Lorenzo Pazolini, titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), assim que fugiu de casa, a menina gravou uma ligação do pai, onde ele confessa parte dos abusos. A gravação serviu como prova no inquérito. Em um dos trechos ele diz que errou e pede perdão.
“Eu estou muito arrependido. Diante de Deus. Eu quero mudar. Me perdoa. Volta pra casa. Sou capaz de me jogar da ponte. Eu não vou conseguir viver sem você. Eu prometo ser bom pai”.
No dia em que a menor foi à delegacia, o pastor foi ao Pará, onde ficou até a última quinta-feira e abriu uma nova igreja.
“Acreditamos que ele ia fugir, não só por abrir uma igreja em outro estado, mas porque tinha roupas e objetos pessoais já em sacolas. A madrasta da vítima disse que nunca desconfiou de nada e que pretende se separar do marido. Na igreja dele todos ficaram surpresos, pois ele estava acima de qualquer suspeita”.
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