Da Redação
MANAUS – O ex-prefeito de Coari, Adail Pinheiro, preso em Manaus desde 2014 e condenado por crime de exploração sexual de crianças e adolescentes, integra um grupo político de ampla influencia no Amazonas. Seu filho, Adail José Figueiredo Pinheiro, disputa a Prefeitura de Coari pelo PP, partido do ex-deputado federal Francisco Garcia e de sua filha, Rebecca Garcia, também ex-deputada federal e atual superintendente da Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus). Pai e filha são aliados do senador Eduardo Braga (PMDB-AM), outra liderança política de grande influência no Estado. O PMDB, dirigido por Braga, integra a coligação de Adail Filho, nome que Adail José usa na urna eletrônica neste primeiro teste como candidato.
Outros três partidos de peso que estão na coligação são o PT, dirigido no Estado pelo presidente da CUT, Valdemir Santana, o DEM, do deputado federal Pauderney Avelino, e o PTB, do ex-deputado Sabino Castelo Branco. De quebra, Adail Filho tem o apoio dos nanicos PEN (dirigido pelo deputado estadual Dermilson Chagas), PSDC, PSL e PPL.
No comando da Prefeitura de Coari, Adail Pinheiro sempre foi aliado de quem está no Poder Executivo estadual. No segundo mandato de Eduardo Braga, entre 2007 e 2010, o então governador retirou parte do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) de Manaus e destinou a Coari. A medida gerou uma batalha judicial com o então prefeito de Manaus, Serafim Corrêa (PSB), que conseguiu reverter a situação no último mês de sua gestão, em 2008.
Em 2012, quando Adail Pinheiro concorreu à Prefeitura de Coari, para o terceiro mandato, teve o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que subiu no palanque no município e chamou o então candidato de “companheiro”.
Depois de eleito, em 2012, Adail passou a ser aliado do governador Omar Aziz e do vice-governador José Melo. Desde 2008, no entanto, o ex-prefeito de Coari começou a “cair em desgraça”. Em julho daquele ano, a Polícia Federal deflagrou a Operação Vorax, que desarticulou uma quadrilha formada por secretários e parentes de Adail Pinheiro que atuava na Prefeitura de Coari. O prefeito foi poupado da prisão, mas o vice dele, Rodrigo Alves, um irmão e uma irmã que eram secretários, foram para a cadeia.
O processo que resultou na operação continha escutas telefônicas feitas com autorização da Justiça que revelaram, além dos crimes contra a administração pública, um crime paralelo: a exploração sexual de crianças e adolescentes. Acusado de pedofilia, Adail conseguiu se livrar da Justiça até 2014, quando foi preso, em fevereiro. Em outubro do mesmo ano veio a primeira condenação em um dos sete processos que ele respondia no Tribunal de Justiça do Amazonas por pedofilia. Condenado a 10 anos e 11 meses de prisão, ele cumpre pena em Manaus, em um batalhão da Polícia Militar.
O prestígio de Adail Pinheiro no Amazonas e a atuação de um corpo de advogados caros em Brasília e em Manaus fizeram com que ele, mesmo preso, permanecesse no cargo até abril de 2015. Com o mandato cassado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em dezembro de 2014 por irregularidades nas eleições de 2012, Adail ainda conseguiu manter o grupo político dele no comando da prefeitura por quatro meses.
Agora, o filho dele, Adail José Figueiredo Pinheiro, é candidato a prefeito, e conseguiu uma ampla aliança. Na semana passada, Adail tentou a transferência dele para Coari, com pedido de mudança do regime fechado para o semiaberto, mas a desembargadora Carla Reis negou o benefício.
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