Palácio Rio Negro, um símbolo de poder dos “barões da borracha”
Não bastava ser rico, era preciso ostentar. Assim era a vida dos “barões da borracha”, como se tornaram conhecidos os comerciantes que enriqueceram com a exploração do látex entre o final do século X e início do século XX em Manaus. Era o boom da borracha, quando a exploração do produto alcançou níveis espetaculares para a economia do Estado, sobretudo para os donos dos seringais e comerciantes.
Um dos comerciantes mais ricos foi o alemão Waldemar Scholz, dono da mais luxuosa residência que havia em Manaus naquele período. Conhecido como “Palacete de Scholz”, a casa fabulosa foi construída na avenida Sete de Setembro, onde hoje é o Centro de Manaus, em um terreno de mais de 4.700 metros quadrados
Com a queda do preço da borracha a partir de 1912 e depois com a 1ª Guerra Mundial, Scholz se viu obrigado a hipotecar e vender o imóvel para o coronel Luiz da Silva Gomes, que era seringalista e comerciante, em 1911. Era o fim da vida ostentosa do alemão, que voltou para sua cidade natal, Hamburgo, onde faleceu, sem retornar mais a Manaus. Depois o prédio foi alugado e, em 1917, vendido para o Estado, na gestão do governador Pedro de Alcântara Bacellar, por 200 contos de réis, valor considerado muito alto para um Estado em crise financeira. O imóvel se transformou na residência e na sede do poder executivo estadual até 1995.
Reformada e revitalizada, a residência, localizada na avenida Sete de Setembro, foi transformada no Centro Cultural Palácio Rio Negro, em 1997, que fica aberto à visitação gratuita.
Assim como muitos prédios do período da “belle époque”, a casa de Waldemar Scholz seguia os ditames da moda arquitetônica da época. O original do imóvel foi mantido e revitalizado. Hoje, o centro é um espaço de exposições permanentes, que incluem bustos de autoridades públicas, quadros de artistas famosos, como Moacir Andrade e Branco e Silva, e fotografias penduradas no salão nobre de todos os governadores do Amazonas.
A programação inclui também atividades pontuais, com exposições temporárias, recitais de música erudita, lançamentos de obras literárias, conforme o cronograma do espaço.
Adentrar e visitar cada sala do Centro Cultural Palácio Rio Negro é mergulhar em uma das histórias mais fascinantes do Amazonas e, sobretudo, de Manaus. O espaço guarda quadros, mobílias antigas, incluindo três relógios suíços, poltronas, estantes. A maioria dos móveis é original. Um dos destaques é uma mesa de jacarandá de estilo inglês. Cadeirinhas de palha-de-índia também fazem parte do mobiliário. Há também uma sala de leitura, onde o visitante pode descansar.
O espaço possui dois andares e a visitação por ser guiada ou não. Na frente do prédio, em meio ao jardim, há uma estátua em bronze representado a Medusa, com serpentes entrelaçadas no cabelo e braço. Uma escadaria com duas entradas, com esculturas em ferro trazidas da França de um índio e uma índia com luminárias nas mãos, levam ao interior do prédio.
Ao entrar no espaço, o visitante se depara com um bela escada suspensa em madeira de lei, guardada por duas esculturas.
O acesso ao terceiro andar, onde existe um farol, está bloqueado devido à fragilidade de uma escadaria que, no entanto, permanece visível ao visitante.
Tombado como patrimônio histórico do Estado em 1980, o Palácio Rio Negro é integrado ao Parque Jefferson Péres, outra atração da cidade.
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