terça-feira, 25 de outubro de 2011

Projetista prevê ponte no rio Solimões três vezes mais cara que a do rio Negro



MANAUS – Após a inauguração da Ponte Rio Negro, na manhã desta segunda-feira (24), discussões sobre a possibilidade da construção de uma ponte sobre o rio Solimões vieram à tona. De acordo com o projeto, a ponte interligará Manaus ao município de Careiro da Várzea (a 25 quilômetros da capital). A partir do Careiro, o empreendimento ligaria o Amazonas ao restante do País por meio da BR-319.

A campanha em favor da obra foi lançada em dezembro de 2010, pelo deputado estadual Francisco Souza (PSC), presidente da Comissão de Turismo e Empreendorismo da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam). Em maio deste ano, a comissão realizou mobilização para coleta de cem mil assinaturas favoráveis à construção da ponte. Para ser viabilizado, o projeto precisa de 120 mil assinaturas.

Presente na inauguração da Ponte Rio Negro, Souza disse que agora é possível apostar na obra sobre o Solimões. “Já dá para sonhar com a construção da ponte sobre o rio Solimões. Esse empreendimento cobra a construção da BR-319”, disse.

Segundo o titular da Secretaria da Região Metropolitana de Manaus (SRMM) René Levy Aguiar, o Governo do Amazonas enviou, em 2008, ao Governo Federal o projeto de uma ponte sobre o rio Solimões. Assim como o parlamentar, René Levy explicou que o empreendimento só será viável após o término das obras da BR-319, com encerramento programado para 2014. “A rodovia é importante para a questão logística de transporte, turismo, indústria e comércio. A ponte sobre o rio Negro é o primeiro passo de uma grande alavancada”, contou.

Mais cara
O valor da nova ponte pode ser três vezes superior ao da construção inaugurada nesta segunda. A informação é do projetista da Ponte Rio Negro, Catão Ribeiro. Segundo o engenheiro as características da região encarecem as obras. “O desafio do Solimões é maior porque o rio é mais profundo e mais largo. Além disso, a água é barrenta e tem mais velocidade”, explicou.

Fora o valor triplicado, as condições da área do Solimões também podem significar aditivos em cima do valor inicial, assim como ocorreu com a Ponte Rio Negro, que tinha orçamento inicial no valor de R$ 574 milhões, mas teve custo duplicado para R$ 1,099 bilhão. Segundo o engenheiro executor da ponte, Paulo Chuva, outra construção sobre o mesmo rio não apresentaria tantos gastos porque a área já é conhecida. Na opinião dele, um empreendimento no rio Solimões ofereceria dificuldades ainda não vivenciadas, o que pode aumentar os custos da obra.

Aditivos
Os aditivos da Ponte Rio Negro se tornaram alvo de várias críticas de políticos e da população. Como parte dos recursos da obra é proveniente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), desde 2010, o Ministério Público Federal no Amazonas (MPF/AM) também investiga a legalidade dos investimentos. Em entrevista ao portalamazonia.com, o procurador da república Thales Messias Pires Cardoso disse que o órgão apura a necessidade dos custos da obra.

Segundo o procurador, técnicos do MPF/AM analisam os documentos relacionados aos recursos usados para a construção. “Nós já temos informações relevantes, mas como o assunto envolve questões técnicas complexas levaremos um tempo para concluir”, disse. Após a junção de todos os documentos, as informações referentes ao processo serão encaminhadas para a Câmara de Coordenação e Revisão em Brasília. “Se comprovada a ilegalidade, tomaremos providência. Neste caso, cabe uma ação de improbidade administrativa. Se a análise mostrar que os aditivos foram necessários, o processo será arquivado”, concluiu o procurador

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